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Ser Cristão Está Acima de Toda Cidadania

Minha família é composta de seis pessoas: Júnior (meu esposo), eu (Kátia) e 4 filhas de idades bem variadas (20, 11, 5 e 2 anos). Mudamos de João Pessoa para Belém do Pará, onde Júnior está se dedicando como evangelista. Houve quem nos encorajasse, houve quem olhasse para nós como se fôssemos insanos… mas, esse assunto é para outra história.

Geralmente, em qualquer ocasião, nossa família chama a atenção por onde passa. Não por atributos extraordinários, mas, somos cientes de que um careca, uma gordinha e três meninas falantes não passam desapercebidos facilmente. Agora, em Belém do Pará, temos o agravante: o sotaque! Mais especificamente o “Di”, o “Ti” e o “s” no final das palavras… “nos falta” o “txi”, “dxi”, “xii”… o chiado marcante do falar paraense. Seja na padaria, supermercado, farmácia, praça, sempre encontramos alguém perguntando de onde somos. E tudo se transforma numa longa história… o que, de certo modo, é bom para quem está aqui no intuito de estabelecer contatos para que, com boas intenções, possa apresentar-lhes o Evangelho.

Porém, isso tem me inquietado. Confesso que já me peguei louvando baixinho no culto para não despertar a atenção para mim e tenho me sentido estranha com isso. Qual é? Sei que Deus não se importa com sotaque! Pois é?! Mas, nós nos importamos, sim. Ou, pelo menos, eu estou me importando.

Sei que não é sentimento de vergonha, pois não sou tímida e também estou certa de que me considero privilegiada por ser nordestina, paraibana, sertaneja. Então, compreendi que, na verdade, eu me importo em caber no lugar, ser aceita pelo grupo, ser entendida nas minhas colocações, ser ouvida nas minhas opiniões, me importo em parecer adequada. Até certo ponto, entendo bem que esse fenômeno (próprio da adolescência) também faz parte do processo de socialização, independente de idade. Mas, não quero permitir que este fenômeno possa reprimir meu potencial criativo, ou que sufoque minha bravura para explorar as belezas e peculiaridades desta terra de povo tão acolhedor.

Independente do lugar ao qual o Senhor nos guiar para servir ao Reino, meu desejo é o de estar sempre pronta para dizer “Eis-me aqui”. Não quero permitir que o medo de ser mal interpretada me cale diante das oportunidades de aprender, exortar, ensinar ou compartilhar experiências de fé e caminhada cristã; pois, quero estar sóbria diante das diferenças e dificuldades culturais, porém, confiante de que a missão é nobre e que a nossa cidadania está nos céus, de onde virá o Salvador, o Senhor Jesus Cristo (Filipenses 3.20). Ele é o padrão, o modelo a ser seguido e o alvo que nos dará o prêmio do chamado celestial (Filipenses 3.13-14)

O sotaque? Não quero me importar mais. Daqui alguns anos quero contar as bênçãos de ter amadurecido neste aspecto, e não mais me importar com esse pequeno detalhe (chiando ou não)!