“Então, olhando para os seus discípulos, Jesus lhes disse: — Bem-aventurados são vocês, os pobres, porque o Reino de Deus é de vocês.” – Lucas 6:20
“Mas ai de vocês, os ricos, porque vocês já receberam a consolação!” – Lucas 6:24
No evangelho de Lucas o cuidado pelos pobres e a advertência sobre o perigo das riquezas é constantemente mencionado.
De fato, as riquezas dão uma sensação de segurança que pode levar a pessoa a imaginar que não precisa de Deus. É o que vemos nas palavras do rico chamado de tolo mencionado somente neste evangelho:
“Então direi à minha alma: ‘Você tem em depósito muitos bens para muitos anos; descanse, coma, beba e aproveite a vida.’” Mas Deus lhe disse: “Louco! Esta noite lhe pedirão a sua alma; e o que você tem preparado, para quem será?” – Lucas 12:19-20
Também é somente neste evangelho que Jesus conta a parábola do rico e Lázaro e, mais uma vez, a riqueza é empecilho para que o rico ficasse no seio de Abraão:
“Mas Abraão disse: “Filho, lembre-se de que você recebeu os seus bens durante a sua vida, enquanto Lázaro só teve males. Agora, porém, ele está consolado aqui, enquanto você está em tormentos.” – Lucas 16:25
Também é Jesus quem adverte sobre o quanto a riqueza pode atrapalhar a salvação de uma pessoa:
“Jesus, vendo-o assim triste, disse: — Como é difícil para os que têm riquezas entrar no Reino de Deus! Porque é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus.” – Lucas 18:24-25
Porém, está em Lucas a explicação de Jesus sobre o perigo das riquezas:
“Assim é o que ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico para com Deus.” – Lucas 12:21
Desta forma, o problema não está na riqueza em si, mas na maneira como nos relacionamos com ela. Gosto ainda do texto paralelo de Mateus que esclarece:
“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.” – Mateus 5:3
A pobreza que Deus espera de nós é interna, a certeza de que não temos mérito nenhum diante de Deus. Claro que a riqueza de bens materiais pode nos atrapalhar a chegar à pobreza de espírito, mas ela não é determinante, uma vez que é o amor ao dinheiro a raiz de todos os males e não necessariamente o dinheiro em si:
“Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e atormentaram a si mesmos com muitas dores.” – 1 Timóteo 6:10
Claro que, ao contrário do que o mundo religioso ensina, ninguém na nova aliança ficou rico após tornar-se discípulo de Jesus. Pelo contrário basta olhar o exemplo de Zaqueu e Barnabé:
“Zaqueu, por sua vez, se levantou e disse ao Senhor: — Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres. E, se roubei alguma coisa de alguém, vou restituir quatro vezes mais.” – Lucas 19:8
“Então José, a quem os apóstolos chamavam de Barnabé, que quer dizer filho da consolação, um levita natural de Chipre, vendeu um campo que possuía, trouxe o dinheiro e o depositou aos pés dos apóstolos.” – Atos 4:36-37
Desta forma, a pobreza de espírito vai nos fazer generosos em repartir com os que não têm parte de nossos bens, vamos aprender a dividir nossa renda, ficando mais pobres em termos materiais e cada vez mais ricos para com Deus.
É essa pobreza de espírito que nos fará verdadeiramente ricos.