Safira era uma mulher unida ao marido. Concordavam em tudo, uma necessidade no casamento, mas a história deles merece mais atenção.
Certa vez, decidiram vender um terreno para ajudar os necessitados. Boa atitude, mas havia um motivo egoísta. Inspirados por um homem chamado José, que se tornou famoso na comunidade por isso, decidiram seguir o mesmo caminho. Venderam o terreno, porém, retiveram parte do valor, alegando doar tudo. Queriam parecer mais generosos do que eram, buscando fama, mentindo.
Quando Ananias, o marido, chegou a uma reunião, todos já sabiam o que fizeram e ele foi exposto perante todos. Foi uma grande vergonha, que culminou em sua morte. Seu corpo foi enterrado sem que pudesse levar nada. Três horas depois, Safira chegou, sem saber o que acontecera. Perguntaram sobre a venda e sua suposta doação generosa, e ela confirmou. Era cúmplice da mentira. O apóstolo Pedro então lhe disse:
“Por que vocês entraram em acordo para tentar o Espírito do Senhor? Veja! Estão à porta os pés dos que sepultaram seu marido, e eles a levarão também”. Naquele mesmo instante, ela caiu aos pés dele e morreu. Então os moços entraram e, encontrando-a morta, levaram-na e a sepultaram ao lado de seu marido.” (Atos 5:9,10)
MANEIRAS DE CUMPLICIDADE
Existem várias maneiras de ser cúmplice do pecado: incentivando, aconselhando, mandando outros cometerem em seu lugar, compartilhando, consentindo, provocando, elogiando o pecador, ocultando o pecado para que não seja descoberto e corrigido, silenciando e defendendo o malfeitor. Tudo isso é muito comum nas redes sociais e equivale a cumplicidade com o pecado.
Um bom conselho que não é novo é que devemos nos posicionar e até repreender quando necessário.
“Não guardem ódio contra o seu irmão no coração; antes, repreendam com franqueza o seu próximo para que, por causa dele, não sofram as consequências de um pecado.” (Levítico 19:17)
Repreender com franqueza é inteligente e até uma forma de defesa própria, pois o pecado de um afeta a todos com as consequências. O inocente também sofre por causa dos pecados alheios. Assim como a sociedade espera que demonstremos compaixão e amor, precisamos também mostrar o que é certo, opondo-nos ao pecado. Hoje, podem querer criticá-lo por isso, mas uma vez arrependidos, agradecerão, e mais importante, lá no céu, receberão você como amigo.
Em dias em que o ódio está escondido atrás do muro virtual da internet e você pode ser atacado sem poder reagir, é preciso coragem para permanecer firme no que é certo e denunciar o pecado. Antigamente, alguns teólogos pregavam uma teologia que enviava os santos para o inferno e os pecadores para o céu. Hoje, vemos que isso era apenas uma opinião popular e contrária à vontade de Deus. Eu sei que talvez você tenha receio de desagradar alguém, mas pense em agradar a Deus. Isso é mais importante! O segredo do fracasso é tentar agradar a todos, enquanto o segredo do sucesso é agradar a Deus. No máximo, podem tirar sua vida, mas não tenha medo disso, porque Deus promete a você vida verdadeira e eterna. Por outro lado, é preciso ter bom senso para saber como corrigir alguém que você ama. A forma como se corrige uma pessoa é tão importante quanto a correção em si.
Ainda é importante ter bom senso para saber quando se deve afastar de tais pessoas:
“Recomendo-lhes, irmãos, que tomem cuidado com aqueles que causam divisões e colocam obstáculos ao ensino que vocês têm recebido. Afastem-se deles.” (Romanos 16:17)
Você pode tratar bem a pessoa, mas não deve ser cúmplice de seus pecados, pois seria tão culpado quanto o pecador. Devemos sempre odiar o pecado e lembrar que nossa luta não é contra as pessoas, mas sim contra os poderes espirituais que as escravizam nas garras invisíveis do diabo (Ef 6:12). Se a pessoa não está em Cristo, devemos orar por ela e criar oportunidades para compartilhar o evangelho que pode salvar a todos. Não devemos nos intrometer na vida das pessoas, julgá-las ou condená-las antes de pregar o evangelho. Se você não demonstrou o amor presente no evangelho, não tem o direito de criticar ou julgar. Você pode julgar, sim, mas não com seus próprios critérios; use o evangelho como referência, pois por ele você também será julgado.
“Pois, como haveria eu de julgar os de fora da igreja? Não devem vocês julgar os que estão dentro. Deus julgará os de fora…” (1 Coríntios 5:12,13)
UMA IGREJA MODERNA E TOLERANTE
A igreja de Corinto buscava ser moderna e condescendente com o pecador, conhecida por sua imoralidade mesmo entre os pagãos. Embora tivessem aceitado o evangelho, eram influenciados pela sociedade grega, que tolerava até relações homossexuais e pedofilia. Um exemplo foi quando um homem tomou a esposa de seu pai (sua madrasta). Eles se orgulhavam de acolher o pecador, mas deveriam estar tristes e até expulsar o pecador de seu meio, entregando-o a Satanás para que pudesse se arrepender. O apóstolo Paulo aconselha:
“Mas agora estou escrevendo a vocês que não devem se associar com alguém que, embora se chame irmão, seja imoral, avarento, idólatra, caluniador, alcoólatra ou ladrão. Com tais pessoas, vocês nem devem comer.” (1 Coríntios 5:11)
Se você, seus amigos, família ou igreja concordam com o pecado de alguém e têm medo de expô-lo ou de se posicionar contra, mesmo que silenciosamente, então são cúmplices do pecado, mesmo por meio das redes sociais. Um dia, Jesus voltará mais cedo do que imaginamos e nos julgará por nossas ações através do corpo.
“Pois todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba de acordo com as obras praticadas por meio do corpo, quer sejam boas ou más.” (2 Coríntios 5:10)
Deus também é tolerante em relação ao pecador. Você ainda não morreu como pecador desafiando o conhecimento de Deus porque Deus é tolerante para revelar Sua bondade, não Sua conivência com o pecador em seu pecado. A bondade de Deus deve levar ao arrependimento, ou seja, parar de fazer o que é contrário à Sua natureza divina.
“Ou será que você despreza as riquezas da sua bondade, tolerância e paciência, não reconhecendo que a bondade de Deus o leva ao arrependimento? Contudo, por causa da sua teimosia e do seu coração obstinado, você está acumulando ira contra si mesmo, para o dia da ira de Deus, quando se revelará o seu justo julgamento. Deus “retribuirá a cada um conforme o seu procedimento”. Ele dará vida eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade. Mas haverá ira e indignação para os que são egoístas, que rejeitam a verdade e seguem a injustiça.” (Romanos 2:4-8)
CORAGEM PARA SE OPOR AO PECADO
Devemos ter a responsabilidade e a coragem de ajudar nossos irmãos quando pecam. Se um irmão cometer um erro, devemos ter a liberdade de apontá-lo. Essa liberdade é conquistada por meio do relacionamento e da comunhão que temos uns com os outros. No entanto, é importante agir com sabedoria ao fazer isso:
“Quem repreende o zombador traz insulto sobre si mesmo; quem repreende o perverso mancha o próprio nome. Não repreenda o zombador, para que ele não o odeie; repreenda o sábio, e ele o amará. Instrua o sábio, e ele se tornará ainda mais sábio; ensine o justo, e ele aumentará o seu entendimento.” (Provérbios 9:7-10)
Se você não for ouvido ao mostrar o erro de um irmão, deve chamar mais uma ou duas testemunhas para tentar abordar o assunto com ele novamente. Se ainda assim não houver sucesso, então você deve levar o assunto aos líderes da igreja, como presbíteros, evangelistas ou guias, para que possam tomar uma decisão de acordo com a Palavra de Deus. Se o irmão continuar resistente, então você deve excluí-lo da comunhão e comunicar essa decisão publicamente à igreja.
“Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. Mas, se ele não o ouvir, leve mais uma ou duas pessoas, de modo que ‘toda questão seja confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas’. Se ele recusar ouvi-las, relate à igreja; e se ele recusar ouvir também a igreja, trate-o como um pagão ou publicano. Digo-lhes a verdade: Tudo o que vocês ligarem na terra terá sido ligado no céu, e tudo o que vocês desligarem na terra terá sido desligado no céu. Também lhes digo que, se dois de vocês concordarem na terra em qualquer assunto sobre o qual pedirem, isso lhes será feito por meu Pai que está nos céus. Pois, onde dois ou três se reúnem em meu nome, ali eu estou no meio deles.” (Mateus 18:15-20).
Não devemos concordar, elogiar, apoiar, esconder, defender, silenciar, consentir ou compartilhar os pecados de outras pessoas, sejam elas irmãs ou não. Em vez disso, devemos nos opor a esses pecados. Antes, éramos todos parte das trevas, mas, por meio do Senhor Jesus, estamos na luz, andando em comunhão uns com os outros (1 João 1:7). Nosso apoio deve ser para o que é bom, justo e verdadeiro. Devemos controlar nossos pensamentos para servir ao Senhor e pensar em coisas que são verdadeiras, nobres, corretas, puras, amáveis, de boa fama, excelentes e dignas de louvor (Filipenses 4:8). Apenas nessas coisas podemos concordar, elogiar, apoiar, defender, falar, consentir e compartilhar.
VERGONHA
Não devemos apoiar, concordar, elogiar, esconder, defender, consentir, compartilhar ou participar das obras infrutíferas das trevas. Devemos reprová-las, pois a luz expõe o pecado.
“Outrora, éramos trevas, mas agora somos luz no Senhor. Devemos viver como filhos da luz, praticando bondade, justiça e verdade, discernindo o que agrada ao Senhor. Não devemos participar das obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, devemos expô-las à luz, pois o que é feito em segredo é vergonhoso. Mas tudo o que é exposto pela luz torna-se visível, pois a luz revela todas as coisas.” (Efésios 5:8-13).
Com base nessa passagem, devemos evitar discutir certos assuntos entre nós, a menos que seja para instrução e edificação. Alguns assuntos são naturalmente vergonhosos, e mencioná-los deveria nos envergonhar. Deixemos as obras das trevas realizadas em segredo permanecerem nas trevas. Não devemos fazer propaganda do pecado.
O apóstolo Paulo aconselha sobre como devemos lidar com o pecado e nosso comportamento:
“Foi dito: ‘Desperte, você que dorme, levante-se dos mortos, e Cristo o iluminará.’ Portanto, tenham cuidado com sua maneira de viver; não vivam como insensatos, mas como sábios, aproveitando ao máximo cada oportunidade, pois os dias são maus.” (Efésios 5:14-16).
Todas essas experiências, inclusive as negativas, são úteis para o futuro da igreja. Se você já teve experiências em que apontou o pecado de um irmão e ele reagiu de maneira tola, justificando-se ou até mesmo ofendendo, em vez de se arrepender, essa pessoa não está pronta para servir na igreja de Deus. Confiar-lhe uma posição de responsabilidade não a fará mudar. Ela precisa se arrepender primeiro para depois servir à igreja de Deus. Não seja cúmplice e, se tiver alguma queixa, deve manifestá-la antes que a igreja tome medidas.
“Não seja rápido em impor as mãos sobre ninguém, nem participe dos pecados dos outros. Mantenha-se puro.” (1 Timóteo 5:22).
Depois de listar diversos pecados e afirmar que as pessoas que os praticam merecem a morte, o apóstolo Paulo destaca que aqueles que aprovam tais pecados também merecem castigo. Não encoraje, elogie ou compartilhe os pecados dos outros para evitar ser punido. Lembremos que o julgamento de Deus sobre os que praticam tais coisas é justo.
“Embora saibam que os que praticam tais coisas merecem a morte, não apenas continuam a praticá-las, mas também aprovam aqueles que as praticam.” (Romanos 1:32).
Conclusão
O pecado é impureza e uma oposição a Deus. As aparentes proibições bíblicas servem como proteção contra quedas no abismo. Leia a Bíblia para entender melhor o conceito de pecado (Clique Aqui, Aqui e Aqui). Satanás tenta persuadir-nos de que podemos desafiar Deus impunemente. Ele usou esse argumento com Eva e tentou fazer o mesmo com Jesus. Ele teve êxito inicialmente, mas agora temos o exemplo de Jesus e o Seu auxílio pessoal.
O papel da igreja é mostrar compaixão, mas não devemos confundir compaixão com conivência. Se testemunhamos o pecado de outros e não sentimos compaixão, ou, pior ainda, o elogiamos ou até mesmo o apoiamos publicamente, então, quem precisa de ajuda é tão você quanto o pecador. Com sabedoria, devemos reprovar os pecados daqueles que se dizem irmãos e realmente professam a mesma fé. Para os de fora, por causa da falta de conhecimento e sabedoria deles, preguemos o evangelho. O evangelho é amor e ele é a correção do pecado para o arrependimento.
Todos nós pecamos, mas o verdadeiro problema reside em não nos arrependermos. Aqueles que não se arrependem, eventualmente, sentirão remorso. Enquanto o arrependimento conduz à vida, pois é um presente de Deus, o remorso leva à tristeza e à morte. Judas experimentou isso quando percebeu que Jesus estava condenado. Portanto, devemos seguir o caminho do arrependimento, não o da dureza de coração, que nos levará ao remorso.
Estamos envolvidos em uma batalha entre a luz e as trevas. Satanás já está condenado, e a salvação não se destina àqueles que nunca nasceram nesta terra. A salvação é para nós, e uma vez que Satanás não pode alcançar Deus, ele sabe que somos os fracos de Deus. Portanto, ele fará todo o possível para que vivamos e morramos no pecado, até mesmo tentando legitimá-lo para que as pessoas pensem que é normal. No entanto, apenas porque algo é legal aos olhos dos homens, não deixa de ser pecado diante de Deus.
“Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem das trevas luz e da luz, trevas; do amargo, doce e do doce, amargo.” (Isaías 5:20)
Se você acredita que não vive no pecado, mas dá seu apoio àqueles que o fazem, então você é cúmplice das obras infrutíferas das trevas. Tenha cuidado com a cumplicidade em nome do amor. O verdadeiro amor corrige, aconselha, suporta e nutre esperança. Pais que amam seus filhos não encobrem seus pecados, mas os corrigem. O amor que cobre multidão de pecados se refere ao amor que perdoa (1 Pedro 4:8).
Pode ser desafiador opor-se ao pecado, especialmente quando você é a única pessoa que conhece a salvação. Ore a Deus por força e confie em Sua proteção. Busque a sabedoria que Deus deseja conceder. Seja gentil com os pecadores, trate-os com bondade e siga as instruções da Palavra de Deus, não cedendo ao pensamento politicamente correto.
Se você testemunhar uma ação abominável, não a elogie. Se encontrar palavras obscenas nas redes sociais, mesmo de alguém que se chama irmão, não demonstre aprovação com comentários ou curtidas. Isso é conivência com o pecado. Não viva mais como se não conhecesse a Deus e não tivesse que prestar contas por suas ações. Em vez disso, viva com temor e tremor.