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OFERTA OU COLETA? É tudo a mesma coisa?

Eis a pergunta feita para a edição deste mês do boletim informativo das igrejas de Cristo na cidade de Guarulhos, “Amo Jesus – Porque Ele me amou Primeiro”. Deu um certo trabalho para responder. Afinal, há diferença entre a oferta e a coleta? Creio que a maioria de nós utiliza ambas como sinônimo.

Porém, gostaria de chamar a atenção para uma possível diferença, olhando a história da oferta ou coleta na Bíblia.

No Velho Testamento, a partir da necessidade do sustento do tabernáculo, depois do templo de Deus e dos sacerdotes, o Senhor instituiu a necessidade de cada israelita dar o dízimo (10 por cento) de tudo o que tinha, em especial da colheita dos frutos (Números 18:21). Também seria para suprir os mais pobres (Deuteronômio 14:22-29).

No Novo Testamento, não notamos em nenhum lugar a exigência do dízimo no contexto da igreja. Porém, o princípio da necessidade é o mesmo do Velho Testamento:

     “Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.” – Atos 2:44-45

Foi esse princípio que levou o apóstolo Paulo a levantar uma oferta entre as igrejas gentílicas em razão da fome que havia na Judeia.

     “E, apresentando-se um deles, chamado Ágabo, dava a entender, pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo. Essa fome veio nos dias do imperador Cláudio. Os discípulos, cada um conforme as suas posses, resolveram mandar uma ajuda aos irmãos que moravam na Judeia. E eles o fizeram, enviando essa ajuda aos presbíteros por meio de Barnabé e Saulo. “ – Atos 11:28-30

Dessa maneira a coleta ensinada por Paulo em suas cartas tinha como inspiração aquela necessidade nas igrejas da Judéia. Não era uma coleta para as igrejas locais como é feito hoje, mas tinha um fim específico, socorrer os irmãos judeus (Romanos 14:25-27, 1 Coríntios 16:1-3 e 2 Coríntios 8-9).

Hoje, na igreja moderna, com suas necessidades diferentes, todo primeiro dia da semana, inspirados na orientação paulina, fazemos uma coleta semanal na qual recolhemos as ofertas voluntárias dos irmãos e as juntamos, muitas vezes em contas bancárias em nome de alguma pessoa jurídica registrada (em nome da igreja local ou associação). Esse valor é administrado de acordo com a necessidade da igreja local ou dos necessitados. E especialmente para a pregação do evangelho através do sustento, inclusive e se necessário, de obreiros, conforme vemos na carta paulina aos filipenses.

Ao consultar um irmão que domina o grego, fiquei sabendo de palavras utilizadas para ofertar: koinomia em Atos 2:42, Filipenses 1 e 2 Coríntios 9:7 como ter comunhão do que possuímos. Já em 1 Coríntios 16:3, oferta é charis, isto é, a graça de participar. Em Romanos 12:8, a palavra é metadidómi, isto é, compartilhar.

Qual a minha conclusão? A coleta é o ato de recolher a oferta voluntária, cheia de gratidão, amor e desejo de compartilhar da irmandade no primeiro dia da semana. Por outro lado, esse desejo de ofertar é sacrificial e não se resume ao primeiro dia da semana, mas é fruto de um estilo de vida no qual desejamos fazer o bem a todos, principalmente aos da família da fé (Gálatas 6:1).

Por essa razão, tenho defendido que no mínimo 10% do que ganhamos deve ser separado para sermos generosos, primeiro aos da família cristã, mas também a todos os que se aproximarem de nós necessitados de nossa ajuda. Ofertar é oferecer de forma sacrificial, dividindo nossa renda com os que necessitam, começando na coleta.

Quer conhecer mais sobre essa ideia? Leia o meu artigo: Em 2020 vamos dividir nossa renda?

Que o desejo de dividir o que temos, começando com a salvação em Cristo através da pregação do evangelho, seja o desejo genuíno de um coração transformado pelo amor de Deus neste ano de 2023 que está iniciando.